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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Nova diretoria do STIPAPEL-PR toma posse numa cerimônia íntima e muito emocionante

Foi com um discurso cheio de verdade, carinho e responsabilidade que a nova direção do Stipapel-PR tomou posse no último dia 17, sexta-feira. Agenor de Oliveira Neto, Presidente da Instituição, convidou Carlos Steuck, advogado e parceiro do Sindicato a ler o texto que ele mesmo, Agenor, escreveu para os novos diretores, funcionários e parceiros do Stipapel-PR. Confira na íntegra:
Cumprimentamos a todos aqui presentes dizendo que, ao longo dos próximos cinco anos, estaremos à inteira disposição da categoria. O Sindicato estará de portas abertas, pronto para recebê-los, esclarecer dúvidas, ouvir sugestões e reclamações, dialogar e servir a todos os filiados com presteza e dedicação, e informar que nossa a vitória é de toda a categoria. O resultado do processo que elegeu esta diretoria para a Direção do Sindicato, com 98% dos votos válidos, é uma inequívoca opção pelo sindicalismo de luta, combativo, democrático, comprometido com os interesses dos trabalhadores e independente de governos e administrações de tribunais.
        O movimento sindical vive momentos de transformação. A eleição do presidente Lula, que deveria representar o avanço das lutas sociais e das conquistas, acabou por se caracterizar pela continuidade do mesmo projeto neoliberal de FHC e por inaugurar um período de cooptação de lideranças sindicais. Os papeleiros sentiram o peso disso na reforma da Previdência e nos ataques ao direito à aposentadoria.
          Felizmente, há setores no movimento sindical que resistem e mantêm a independência. Nestas eleições, a categoria comungou dessa concepção – votou por um sindicato que defenda os papeleiros e as transformações sociais necessárias para que tenhamos de fato justiça neste país. E que denuncie as tentativas de jogar nas costas dos trabalhadores a conta da crise econômica.
       Temos muitos desafios a vencer: o Plano de Cargos e salários, lazer, fim do fator previdenciário, combate ao assédio moral e a defesa do meio ambiente
Mas há muitos outros como a defesa da data-base, a jornada de 40 horas, melhores condições de trabalho, mais emprego e menos terceirização, paridade entre aposentados e ativos, defesa da mulher no mundo trabalho, a campanha contra os projetos que tramitam no Congresso que atacam os trabalhadores, entre eles a reforma trabalhista e os que privatizam setores estratégicos.
       Convocar e organizar essas lutas de forma democrática é nosso compromisso, e contamos, para isso, com o apoio e a participação efetiva da categoria. O Sindicato é de todos os papeleiros. Abre-se uma nova página na história do SITPAPEL, na qual somos nós, o conjunto dos trabalhadores do PAPEL, que estamos convidados a escrever.
      Defendemos a valorização real da mulher não só no ambiente de trabalho, mas na vida como um todo, nosso sindicato hoje conta pela primeira vez em 30 anos com uma mulher na sua direção, e com muito orgulho dizemos, seja bem vinda.
        Nesta linha, reportando-me ao texto do escritor português José Saramago, enviado como saudação ao 2° Fórum Social Mundial, no qual registra uma belíssima história, que tomamos como reflexão.
“Estavam os habitantes nas suas casas ou a trabalhar nos cultivos, entregue cada um aos seus afazeres e cuidados, quando de súbito se ouviu soar o sino da igreja. Naqueles piedosos tempos (estamos a falar de algo sucedido no século XVI) os sinos tocavam várias vezes ao longo do dia, e por esse lado não deveria haver motivo de estranheza, porém aquele sino dobrava melancolicamente a finados, e isso, sim, era surpreendente, uma vez que não constava que alguém na aldeia se encontrasse em vias de passamento. Saíram, portanto as mulheres à rua juntaram-se as crianças, deixaram os homens as lavouras e os misteres, e em pouco tempo estavam todos reunidos no adro da igreja, à espera que lhes dissessem a quem deveriam chorar. O sino ainda tocou por alguns minutos mais, finalmente calou-se. Instantes depois a porta abria-se e um camponês aparecia no limiar. Ora, não sendo este o homem encarregado de tocar habitualmente o sino, compreende-se que os vizinhos lhe tenham perguntado onde se encontrava o sineiro e quem era o morto. “O sineiro não está aqui, eu é que toquei o sino”, foi a resposta do camponês. “Mas então não morreu ninguém“, tomaram os vizinhos, e o camponês respondeu: “Ninguém que tivesse nome e figura de gente, toquei a finados pela Justiça porque a Justiça está morta.”
Nada mais atual nestes tempos de neoliberalismo e crise econômica mundial, na qual o poder tenta impor o ônus da crise à classe trabalhadora, aos infiéis de atribuí-la aos famigerados donos do capital. Esta pequena aldeia pode ser encontrada em vários locais de nosso País, ainda, nas periferias de nossas cidades, e quem sabe em um acampamento do MST. Os sinos continuam tocando a finados: a justiça morreu!
Atestamos esta morte quando vemos crianças morrendo de fome em nosso país, quando um terço do nosso povo vive abaixo da linha de pobreza.·.
Atestamos esta morte quando vemos vidas ceifadas precocemente pela violência desenfreada, ou quando presenciamos magistrados libertando banqueiros em crimes de colarinho branco e desviando recursos públicos de fundos de participação de municípios. Há morte da justiça atestada em milhões de famílias Sem-Terra e Sem-Teto excluídas de seus direitos e injustiças.
Atestamos esta morte quando as instituições políticas do Estado se mostram impotentes e alheias a esta cruel realidade, ou quando as pessoas se omitem e não tomam consciência da necessidade de mudanças, não percebendo que é “necessário ser sacudido pelos fatos, pelo encontro com a injustiça, pelos pobres em desespero”. “É preciso submetê-lo a uma cirurgia profunda, que lhe corte os tecidos velhos e lhe permita renascer novamente no mundo da modernidade”.
A nossa esperança é de que os sindicatos, os movimentos sociais e a sociedade civil organizada, e toda gente de bem de nosso país, conclame o povo a repetir a atitude do camponês da pequena aldeia: subam nas torres, toquem com muita insistência os sinos, para ressoar nos corações das pessoas. Convoquem toda a gente para uma grande plenária cívica e anunciem profeticamente: a justiça não morreu!
Depende de cada um de nós para que ela viva.



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